sábado, 18 de dezembro de 2010

Poucos negros nas passarelas. De quem é a culpa, afinal?

Estamos a menos de um mês da próxima semana de moda do Rio de Janeiro, o Fashion Rio acontecerá dos dias 11 a 15 de janeiro de 2011.. Os castings já começaram.
Já podemos começar a palpitar acerca da possível quantidade de negros que serão vistos na próxima temporada. Será que ainda assistiremos desfiles hegemonicamente brancos?
Ou haverá surpresas como o desfile de Walter Rodrigues, que em sua coleção de verão 2011 colocou 25 modelos negras na passarela?


Culpa é da estação?


O fashion Rio exibirá as tendências do inverno de 2011. As desculpas “esfarrapadas” dadas por muitos estilistas e agências que sempre ouvi nos backstages dos desfiles e nas entrevistas são as de que no inverno, negras não são usadas por uma questão de ambientação.


Isto quer dizer que, neste caso, haveria uma europeização das tendências lançadas e as peles brancas serviriam como um marcador para evocar o clima de inverno.
É como se o negro, pela sua cor de pele “sempre bronzeada” não servisse para simbolizar o “frio”.


Se aqueles que sustentam esta teoria seguissem esta lógica, no verão teríamos somente negras, mulatas e morenas como no desfile de Walter Rodrigues. No entanto, não é o que se vê.


Podemos pegar como exemplo uma grife que desfila exclusivamente no verão como a Salinas,(desfilou no 1º dia) por exemplo. Em seu último desfile ao apresentar as tendências do verão 2011, a grife por exemplo, usou modelos 21 modelos e só 4 negras Gracie Carvalho, Laís Ribeiro, Carmelita Mendes e Samira Carvalho.


Segundo o site chic,a marca de Jacqueline de Biase se inspirou nas semelhanças de Cuba com a Bahia. Terras cujos habitantes têm em comum a mesma origem africana. Daí o colorido, as flores e a sensualidade dos maiôs e biquínis.
http://chic.ig.com.br/moda/noticia/salinas-verao-2011



Se pensarmos bem,se o verão da marca fosse tão “africano” como é defendido. Certamente, pelo menos o desfile, a campanha ou os catálogos apresentados pela Salinas usariam morenas ou negras,e não somente loiras. Não acham?
No entanto, a realidade é bem diferente...
Confira:
http://www.salinascompras.com.br/



Seria culpa do poder aquisitivo?


Outra desculpa muito utilizada uma tendência social. Lança-se a culpa da falta de negros nas passarelas e revistas à falta de poder aquisitivo da população negra. Assim, a moda não seria obrigada a refletir a população do país, mas sim somente personagens que se pareçam com o público com o poder de compra suficiente para consumir produtos de luxo, ou seja, os brancos.


Culpa do corpo?
Para a historiadora Mary Del Priori, a discussão maquia outras questões mais profundas. "A ausência de negros na moda é mais uma exigência de classe do que uma questão de beleza", afirmou. Ela lembra que o debate é recente, vem do final dos anos 1980, quando ações afirmativas foram feitas em várias áreas e foram responsáveis pela valorização da autoestima dos negros. Mas ressalta que encontra diferente cenário no Brasil. "Esse debate está truncado numa outra realidade histórica. Não temos um grupo de negros como os Estados Unidos. Enquanto receberam 500 mil escravos africanos, recebemos 7 milhões. Além disso foram se mestiçando. Do ponto de vista histórico, é um paradoxo, um discurso que valoriza minoria sendo que no Brasil os negros são maioria", disse.


E o mundo da moda reflete esse padrão. "Não é ideológico, é a importação de um modelo que não nos pertence e que foi apresentado pelas elites, que é quem consome moda. A questão é a valorização de um único tipo de corpo." A historiadora lembra que a valorização da mulher curvilínea faz parte da cultura brasileira e foi homenageada na música, pintura, poesia e literatura.

"O corpo passou a ser uma questão de classe social”."E a negra pelo biótipo do corpo, mais curvilínea, acaba se incompatibilizando com esse universo, a não ser que seja esquálida. Pois a Barbie não tem bunda."


Estilistas , agências, bookers ou seja quem for que esteja lucrando em manter esta disparidade racial nas passarelas nunca vão assumir a própria culpa vão e sempre formular discursos e sempre se aproveitar / ampliar um dado social ou característica para manter o segregacionismo na moda e associar isto à superioridade desta manifestação artística.
Oladonegrodamoda acredita ,na moda não segregacionista,que a beleza da moda, uma manifestação artística extremamente criativa, emerge exatamente quando inclui e mistura todas as cores seja nos tecidos ou nas raças que desfilam.


Cabe a nós, defensores desta tese inclusiva nos manifestarmos. Enviando emails para revistas; fazendo reportagens nos eventos de moda e organizando discussões para dar a moda este novo significado.

Um comentário:

  1. Oi, Luana, coloquei teu link numa janela de parcerias no Beleza Negra, obrigado. Vc tem facebook ou twitter? Se não, responda no meu josricalmeida@gmail.com

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