sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Por que só cabelo liso é "cabelo de estrela"?



 
Passando em frente a um ponto de ônibus na Zona Oeste,aqui do RJ, fotografei um anuncio. Ele vende serviços para deixar a mulher com o cabelo liso.

Note que na foto , a moça com cabelo crespo aparenta estar triste, e ao alisar seu cabelo se alegra...

Nas capas de revista, nos programas de televisão, nas passarelas, desfilam as mulheres mais “belas” do país. Os padrões estéticos atuais determinam o que uma mulher precisa para ser bonita e estampam nas revistas de moda os exemplos a serem seguidos. 

Em geral, estes padrões afirmam a positivização do cabelo impecavelmente liso para quem quer ser bonita. E, assim, o cabelo liso acaba se tornando, para muitas, uma obssessao. 

Mas por que isso ? Por que é tão difícil se aceitar?
Por que cabelo crespo/cacheado tem que ser qualificado como ruim?
Será por que ainda contamos com poucos serviços a favor do cabelo crespo? Poucos profissionais que se dizem qualificados, mas que só sabem alisar cabelos? Ou ainda há pouca disposição dos profissionais para aprender novos técnicas e penteados para cabelos crespos?
Quantas vezes nos desfiles que fiz, acabei eu mesma tendo que pentear meu cabelo porque os profissionais renomados simplesmente não sabiam o que fazer... 
Fazer escova freqüentemente num cabelo crespo o danifica demais!  


Acredito que o cabelo liso deveria ser só uma opção de penteado e não uma submissão estética!.

 Na verdade só depende de nós a positivação do que é considerado por muitos como "ruim". Se nós mudarmos este paradigma, o que é por muitos considerado "ruim" pode ser tornar bom...

Mas como?
·         Buscando não se render só a escova.
·         Procurando profissionais especializados.
·         Enviando email para as revistas para pedir por mais dicas de beleza para peles negras- de verdade. Não vale colocar a Juliana Paes e dizer que é dica de beleza negra, não é?
·         Uma outra boa dica e se utilizar dos fóruns na internet para discutir e obter dicas acerca de novos salões, técnicas e penteados.
Eu mesma aconselho as dicas de beleza da parceira Fernnandah

E o blog do projeto Pixaim:

 Aliás,achei uma entrevista super interessante que encontrei sobre o Projeto Pixaim no site:
Eu Ctrl+C,Ctrl+V um pedacinho. Veja:

O Projeto Pixaim, realizado pela sede mato-grossense da Central Única das Favelas – CUFA –, trabalha justamente com o questionamento dos padrões de beleza atuais, incentivando a aceitação do cabelo das mulheres negras. A CUFA é uma organização reconhecida internacionalmente, presente em todos estados brasileiros e em alguns países latino-americanos e europeus. A entidade visa desenvolver ações sociais para integrar a população da periferia, em sua maioria formada por pessoas negras. Em entrevista ao Jornal Comunicação, a coordenadora de projetos da CUFA-MT, Neusa Baptista, fala sobre o Pixaim.

Jornal Comunicação: Qual é o padrão de beleza atual e de que forma ele fomenta o preconceito?
Neusa Baptista: No Brasil, as classificações de raça passam pela cor da pele e pela textura do cabelo. É a aparência, e não a origem, que conta. Embora mais da metade da população se declare negra, ainda não vemos o negro como padrão de beleza. Xuxa, Gisele Bundchen, Angelina Jolie e outras beldades brancas são sempre lembradas quando se fala de modelos de beleza. Nas passarelas, as brancas se destacam, assim como nas revistas de moda e até mesmo entre as bonecas infantis. Embora hoje já se discuta uma volta ao padrão natural de beleza (algumas celebridades estão preferindo serem fotografadas ao natural e está em discussão uma lei que obriga as agências de publicidade a informarem o leitor quando for utilizado o Photoshop nas fotografias), ainda há um padrão de beleza e ele é o branco. Com certeza, esse padrão alimenta o preconceito contra todos que estão fora dele; para os homens e mulheres negros, alimenta ainda o preconceito racial, uma vez que a estética negra não está contemplada como modelo de beleza.


Comunicação: Qual a importância em discutir a aceitação do cabelo "pixaim"?
Neusa: O cabelo crespo é uma das marcas da estética negra e, ao lado da cor da pele, está no topo dos itens utilizados para classificar uma pessoa como negra ou outras gradações de cor (morena, chocolate, mulata etc). Para responder ao apelo estético pelo padrão branco – o cabelo liso – muitas mulheres negras agridem seu corpo com o uso de fórmulas de alisamento à base de produtos cáusticos, que degradam o cabelo e o couro cabeludo, e agem negativamente sobre a auto imagem da mulher. O cabelo liso ainda é o ideal de muitas negras, e o crespo é visto como ‘problemático’, ‘ruim’, ‘inadequado’, necessitando de algum tipo de modificação para ser aceito socialmente. A importância está justamente em contrapor este tipo de pensamento, trazendo para as mulheres opções que valorizem o cabelo e a cultura negra.
Assumir a identidade é importante em qualquer situação. Acho que não dá para ser feliz sem isso! Para as mulheres negras, usar uma trança muitas vezes é parte disso. Mas eu sempre digo que é um processo demorado, às vezes leva a vida toda. Pois a cada vez que se assume essa identidade afro, tem que lidar com uma carga maior de preconceito.

Comunicação: Você acha que o projeto faz os participantes mudarem suas concepções e questionarem os valores estéticos hegemônicos?
Neusa: É o que esperamos que aconteça. Mudar concepções é um desafio, e depende muito da própria pessoa. O que estimulamos é que pelo menos se crie o questionamento destes padrões. Aí, haverá espaço para mudanças.
Nós da CUFA sentimos que conseguimos transmitir a estas mulheres algumas questões, tais como: existe mesmo padrão de beleza? Qual é ele? Em que eu me enquadro? Quais as dificuldades para quem não se enquadra? Por que a estética negra não é valorizada? Elas percebem que as oficinas do Projeto Pixaim não são como as outras, têm um quê a mais, tanto no conteúdo como na forma, pois valorizamos o saber que a mulher traz, tudo é ensinado na base do bate-papo, da informalidade. Acho que isso as atrai e as estimula.

4 comentários:

  1. "Acredito que o cabelo liso deveria ser só uma opção de penteado e não uma submissão estética!".

    Concordo plenamente. A mulher negra do século XXI é uma mulher que, com todas as dificuldades, independente da natureza, ela sabe o que quer e usa a criatividade para alcançar aquilo que o sistema lhe dificulta o acesso.

    Da mesma forma que o cabelo liso é uma opção, em minha opinião, nos dias de hoje, o cabelo escuro deve também ser uma opção a mulher negra. Chega da ditadura de dizer que A ou B cabe a mulher negra.

    Nós temos condições de decidir o que é bom para nós, porque somos humanas e temos capacidade de ditar modas e padrões também.

    Um grande beijo e muito obrigada pela dica e recomendação ao meu blog Criloura.

    ResponderExcluir
  2. A imagem 'cabelodeestrela' e seu repectivo blog, possuem todos os DIREITOS RESERVADOS. O endereço 'www.oladonegrodamoda.blogspot.com' e Luana Martins, sua autora, serão encaminhados ao departamento de concessão dos direitos do uso da imagem, operante no SATEDRJ, como violação da legislação de proteção a imagem do artista sindicalizado brasileiro. O prazo para a remoção do conteúdo impróprio é de cinco dias úteis a contar de 02 de dezembro de 2010. Após este período, entenderemos como acordo negado por parte da autora Luana Martins. Medidas cabais serão expedidas através do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

    Sem mais,

    Gláuber Brilhante.

    ResponderExcluir
  3. Página rastreada, copiada e aguardando posição de sua autora para encaminhamento ao órgão responsável, pelo uso indevido sem autorização da imagem de Elaine Jansen.

    ResponderExcluir
  4. Apenas para concretizar o abuso do uso de imagens venho aqui comunicar que EU USO CABELO DE NEGRA SIM!!! Infelizmente vocês não me conhecem e acreditam fielmente em propaganda. QUE TRISTE!!! Fiquem no aguardo da punição....

    ResponderExcluir