sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Essa não podia passar em branco, Sr Guerlain!

No dia 15 de Outubro, em entrevista a um telejornal francês que seria como o nosso Jornal Hoje –na hora do almoço , o perfumista Jean-Paul Guerlain declarou sobre o esforço empregado para a criação de sua nova fragrância: “Por uma vez, trabalhei como um escravo negro. Não sei se alguma vez os negros trabalharam tanto assim, mas enfim...”




Eu gostaria de pergunta- lo: O Sr ainda não saiu da era colonial, Sr Guerlain? O Sr ,um célebre parfumista que deveria no mínimo respeitar o sem distinção o público que compra seus produtos, graças as suas convicções ultrapassadas, faz declarações racistas em pleno horário nobre e se acha engraçado?
Uma resposta, uma intervenção, qualquer coisa.. era o mínimo que poderia ser esperado comio resposta. No entanto, a apresentadora do telejornal Elise Lucet ficou em silencio mediante a situação.
Apesar da impunidade imediata, a jornalista Audrey Pulvar se manifestou na manhã do dia seguinte:
“Longe de ser uma escorregadinha, o caso Guerlain revelou-se de uma categoria racista. O racismo inquietante, ordinário e banal é a prova da lenta e séria construção de hábitos sociais racistas na França. Somente a rigorosa aplicação da lei, um olhar honesto da França sobre sua história e o dialogo poderão fazer com que nos não escutemos mais estes tipos de declaração na televisão ou em qualquer outro meio.”

A jornalista ainda aproveitou para recitar uma parte do poema de Aimé Cesaire, um grande poeta negro francês:
"Vibra... Vibra a essência da sombra, de asa em garganta, quanto mais ela falecia, a palavra "negro", saindo toda armada do berro de uma flor venenosa, a palavra "negro", toda suja de parasitas... a palavra “negro”, repleta de ladrões que rondam, de mães que gritam, de crianças que choram, a palavra “negro”, um torresmo de carnes que queimam, e asqueroso o e feito de chifre, a palavra “negro”, como a sol que sangra da garra, na calçada das nuvens, a palavra “negro” como o último riso velado da inocência, entre os dentes do tigre, e como a palavra “sol” é um disparo de bala, e como a palavra “noite”, um tafetá que a gente rasga... a palavra “negro”, seco, você sabe, do trovão de um verão que se arrogam das liberdades incrédulas"

O mesmo Aimé Césaire que insultado respondeu também um dia “ É este negro que vai te causar problemas”

Guerlain até agora sequer pediu desculpas...
 No site oficial da Guerlain. Foi publicado o seguinte comunicado:

"Inumeras pessoas ficaram chocadas com as palavras ditas por Jean-Paul Guerlain noJornal da France 2,no ultimo 15 de Outubro. Nos compreendemos perfeitamente: foi a falta de reaçao que devia ter sido realmente chocante..."

Tudo bem que a apresentadora foi totalmente passiva, mas dizer que a falta de reação foi ainda mais chocante que o proprio ato racista é demais... o que vocês acham?

Na pagina do Facebook eles também divulgaram uma nota:

"A sociedade Guerlain tomou conhecimento com consternaçao das declarações inadmissiveis feitas por Jean-Paul Guerlain.  Jean-Paul Guerlain, 73 anos não é mais acionista da Guerlain desde 1966. Não é mais assalariado desde 2002. Suas propostas são opostas à cultura, dos valores e da ética praticadas pela empresa que promove a diversidade dos talentos de todas as origens do mundo inteiro"

Empresa que promove a DIVERSIDADE DOS TALENTOS de TODAS AS ORIGENS no mundo inteiro?
A Guerlain nunca utiliza modelos negras em suas campanhas.E se auto-intitula promotora da diversidade dos talentos de todas as origens no mundo inteiro...

Veja algumas campanhas da Guerlain:





Pelas declarações do Sr Guerlain e da Sociedade Guerlain fica claro que estão tentando maquiar o racismo cometido. A luta pela igualdade racial não é só brasileira, é mundial.Se queremos evoluir devemos ser mais sensíveis a realidade alheia e nos manifestar!.
Entrem no Facebook da Guerlain e declarem suas opinião/ insatisfação sobre o ato racista do perfumista, a incoerência da Guerlain em jogar a culpa maior na apresentadora e se declarar como uma empresa que promove a diversidade de talentos. Mentira!

E você... ainda acha que o racismo realmente acabou?



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