quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Leilas Lopes/ I have a dream



Não sou muito ligada aos concursos de Miss, mas não precisava estar muito antenado para saber que a vitoria da angolana Leila Lopes ia dar o que falar. Na verdade, ja tinha dado muito antes da decisão do juri, quando foram feitas apostas dos repugnantes membros do Stormfront, um site internacional que se define nacionalista branco.

Em matéria feita pelo G1,
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/09/candidatas-negras-ao-miss-universo-sofrem-racismo-em-site-nacionalista.html

Eles afirmam que a vencedora do Miss Universo seria uma negra pelo fato de o concurso ser realizado no Brasil,e que os jurados fariam média num pais miscigenado.

Um dos membros chegou inclusive a dizer que Leila iria ganhar, pois "estava mais para mulata".

"é certeza que uma negra ganha essa, provavelmente a Angola (tá mais para uma mulata). Por quê? Primeiro:
Liberais. Segundo: jurados querendo fazer média com Africanos, e seus descendentes como Brasilóides"

Não da para ser hipocrita ao somente criticar os stormfront, sites de redes sociais como o do twitter também estavam cheios de comentarios criticando, ou exaltando a beleza negra.

Haviam coments do tipo: "ela nem é tão bonita, parece uma menina da comunidade", ou: "ai, que bom que finalmente deixaram uma negra ganhar neste concurso".

Para quem não sabe, Leila foi a quarta a ganhar o concurso. Vejam um historico postado no blog. E que devera sair no jornal Extra do proximo domingo.

http://www.theangelica.com/2011/09/miss-universo-e-negrae-dai.html

I have a dream...

Que um dia a imagem do negro não seja enaltecida por pena, ou por regra, nem tampouco depreciada graças ao vigor de um "default estético branco" perpetuado e absolvido pela cultura brasileira. Que por sua vez, faz ecoar nos discursos de Rodrigos Lombardis e Anas Marias Bragas da vida, a imagem de que todo negro tem que saber sambar, e que quando tem um desempenho brilhante é visto como loiro de olhos verdes. Ou ainda em outros discursos cotidianos mergulhados na ignorância: "ahh enfim, o primeiro negro a vencer na formula um", "o primeiro presidente negro", "a primeira miss universo negra". Como se nossas conquistas fossem reduzidas a poucas excessões. Que, por sua vez, correm o risco de serem esquecidas pelos livros infantis que alimentam as crianças, ocultando toda uma historia profundamente complexa de um continente e sua diaspora e reduzem-na a escravidão, sofrimento e submissão e feiura.

Que venham muitas outras como Leila, Mpules Kwelagobe,Wendy Fitzwilliam, Janelle Commisiong,...

E que digam a verdade, Machado de Assis não era grego, era negro!

PS: Gente, loucura total. Estive monitorando o blog este tempo todo que pareço ausente. Não parei de escrever não, estou trabalhando em projetos desafiadores que vão explorar ainda mais a tematica abordada aqui nOLADONEGRODAMODA. Aguardem!

3 comentários:

  1. Olá, conheci o seu blog por essa reportagem do Jornal Extra, acredito que o mundo da moda esta se rendendo e que em breve não teremos mais demostrativas de racismo como essas, vocês merecem ! a beleza de vocês é unica, belissima, aprecio muito! parabéns pelo blog :)

    Conheça tambem meu blog: Http://www.fashionandpoor.blogspot.com

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  2. Filha que maravilha saber que voce existe. Parabéns de verdade. Até que enfim nos meus 50 anos feitos ontem, estou tendo um presente bacana que me deixa muito orgulhoso. Esse povinho daqui falsos branquelos e branquelas, pois aqui é muito difícil ter uma raça pura (infezmnete). É o povo mais racista do mundo. Já viajei para alguns países e sei o que digo. Ver então uma mulher negra brasileira nesse nível para mim é moti de muita alegria. Parabéns e vida longa. Sou seu admirador que Deus o todo pçoderoso a mantenha assim pçor muito e muito tempo.

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  3. Olá Luana,
    Conheci o seu blog hoje através do blog Criloura e já lhe adicionei aos meus favoritos, pois você tem o mesmo sonho que eu, estou cansada de ver as conquistas de homens e mulheres negras serem reduzidas a exceções ou pena do povo que um dia foi escravo.
    Abraços,
    Angelica.

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